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Tenho um grave défice no que toca a contextualização histórica tendo em conta factores sociais, politicos, económicos, etc. Mas apreciei bastante o teu ponto de vista. Mas como reconquistar esse público agora? O meu ponto principal era o de perceber os processos mais básicos que fazem com que o gosto do público se torne cada vez mais controlado e pobre, e apresentar uma possível solução, uma atitude perante a criação cinematográfica, atitude essa que passa por adoptar certos elementos estruturantes de um filme estereotipado mas introduzindo algo mais pessoal e com potencial de comunicar com mais pessoas (neste caso os Portugueses), aquilo que eu referi nos exemplos, por exemplo do Steve McQueen. Tratar algo de uma forma diferente. O tempo, por exemplo. A semiótica do filme. A base moral ou inspiração cultural. Adoptei esta abordagem na minha média metragem. Ao inicio estava a ficar uma cena exageradamente "artistica" que so eu percebia, depois esquematizei toda uma série de coisas que queria comunicar e/ou abordar, inseri-o numa estrutura narrativa clássica e batida do rapaz que está numa realidade que o reprime, conhece uma moça de outra realidade, essa moça está em perigo, ele salva-a (mas não vivem felizes para sempre, alias, morrem os dois) mas dei-lhe algo meu e algo Português. A forma como tratei a edição, todo o background da historia e o seu conteudo, etc, etc. Provavelmente esta não é a atitude mais "artistica", mas creio ser a mais humana. Alias, fui bastante criticado por alguns professores. Porque alem desta atitude eu fiz o filme ao contrário. Em vez de escrever e depois procurar os meios para o fazer, eu vi que meios tinha, suguei o melhor deles e criei algo a partir deles. Isto juntamente com esta vontade de me assemelhar a estruturas estereotipadas foi altamente criticado. Critica essa que até a mim me moi a cabeça. Mas eu não sou um artista. Sou um homem, preocupo-me com as pessoas que me rodeiam, quero partilhar o que gosto com estas pessoas, quero que estas pessoas percebam o que eu vejo e quero com elas e através delas limpar (ou ajudar a limpar) muita merda que abunda nesta cultura consumista que sei lá até que estado existencial de autentico marasmo e cegueira nos pode arrastar.
Retirado de uma conversa do Grupo Cinetech&Ideas do Facebook.
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