domingo, 4 de janeiro de 2015

os miseráveis

choram uma liberdade roubada
choram a sua condição
choram, pobres,
choram até mais não!

quanto me cansa este choro!
como é que é ele capaz
de encontrar consolo e confirmação
no pesado jugo que às costas trás?

pobre alma penada!
quanto lamento a tua sina
caíste no mundo num dia chuvoso
mas aguarda, um vento se aproxima!

ei-lo no seu esplendor!
a gritar amor do fundo do coração
ei-lo, misterioso navio
entra, meu irmão!

mas quando o vento os sacode
e grita para que saquem das espadas
gelam-se-lhes os ossos
sentem suas lágrimas cobiçadas

e o choro transforma-se em conforto
e cada um fica como que morto
a chorar para que o vento passe
e não o arrranque do miserável porto

onde, chorando, livremente se atracou
e onde, chorando, livremente ficou

pois que chore e lhe alegre então
sua eterna e lamentável escravidão!

pois eu choro também
choro minha solidão


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