os corpos estão deitados, a noite avança, lenta e melancólica
as almas, cansadas, nadam à superfície do lamacento e ensonado tédio
gostava que estivéssemos livres de pesos, estou exausto de nadar na lama
que estás a dizer?
estou a ser
a ser o quê?
a ser, apenas
quanto mais "poetisas" mais me aborreces
quanto mais perto estás, mais distante ficas
porque é que temos de falar?
para nos sentirmos vivos
eu estou viva em silêncio
mas para mim estás morta, e não quero que morras
então estás doente
estar doente é estar numa condição diferente apenas
tás com uma poesia do caralho
não a gozes, pudesse ela curar-me, mas so me hipnotiza mais
tas hipnotizado?
tou, por ti
isso é bom ou mau?
é um tormento agradável
e porque não fazes nada em relação a isso?
temo o teu intimo
não sou nenhum monstro
fantasiei-o demasiado em meus sonhos
deixa-te de merdas
ajuda-me, por favor
lamento, mas já me filmaste demasiado
não entendo como é que a sinceridade ou a poesia te podem filmar
a poesia apenas é boa quando acompanhada por um fazer e não quando brota da inércia
mas eu não sou um bom poeta
de facto não és, aborreces-me
ajuda-me
que queres que te faça?
que não penses as minhas palavras, que sejas, só
estás completamente louco
que me beijes
descansa, por favor
estou embrutecido, a minha razão quer-me abandonar, juro-te
dorme, por favor, e cala-te
se me calar morro mesmo
amanhã ressuscitas, não te preocupes
venha alguma luz que me queime e me desperte para outra realidade
fecha os olhos
e o ensurdecedor silêncio dominou o resto da noite
a luz veio, mas não o queimou o bastante
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