quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Pequeno Desabafo


Estou enjoado de treta facebookiana. Sempre que passo os olhos pelo facebook, como quem lê uma espécie de "revista", grande parte dos posts é treta. Treta, treta e mais treta.
Grande parte dos utilizadores (claro que falo dos meus "amigos") devem ter sérios problemas de identidade ou confiança, pois insistem em, diariamente, partilhar imagens ou frases que me fazem imaginar uma espécie de voyeurismo invertido, como se obtivessem prazer não ao ver outras pessoas obterem prazer, mas ao convencerem-se que os outros acham que nós sentimos prazer ao fazer o que fazemos  (que nos dias de hoje se equivale a postar o que postamos…) Insistem em afirmar os seus "valores", os mesmo que rebentam pelas costuras de todo o tipo de fútil e vazio entretenimento que hoje nos domina (e satura!).

Autenticidade agora é que está na baila. Ehh páhhh agora a cena é ser bué independente, bué “open mind” e liberal. É só curtir a bida.
“porque eu penso desta forma, olhem para mim, sou tão espontâneo e autêntico”



Enfim, para arrematar este tema para o lado:
Acho que o problema é que é mais fácil alguém convencer-se que pensa do que, autónoma e espontaneamente, pensar realmente sobre um determinado assunto e ter vontade para conhecer diferentes “gostos” e diferentes perspectivas sobre um mesmo assunto.

Chega de treta acerca deste ego industrializado que consola os fracos de espirito!
Haja vontade de conhecer outras merdas, de perceber outras pessoas!
De Ser outras pessoas!, nem que seja por momentos!
De conhecer realmente! E não apenas “achar piada” e “postar”, ou “gostar”.
Hajam discussões interessantes acerca de assuntos interessantes! Porque o que é realmente desinteressante é o que “está na berra” na praça pública (já não é praça infelizmente, é mais ecrã público!). O que é interessante é o que todos, no fundo remoto da sua consciência preservam, mas, por falta de estímulo e conhecimento, não racionalizam, não desenvolvem, não tornam forte e comum.
Não podemos permitir que uma coisa tão preciosa como a Vontade e o Espírito se comprem (e ainda por cima fruto de uma industrialização fraca). O problema, é que, na ânsia de nos assemelhar-mos uns aos outros em todos os aspectos (o que é profundamente humano e admiro), não vivemos. Então adoptamos (comprámos!) características industrializadas, pois essas, já muita gente as tem (infelizmente).
Deviam ir ao campo, ás aldeias e vilas pequenas em zonas rurais, e conhecer as crianças de lá.
Comparem-nas com os meninos e meninas “lindos” com iphone no bolso, calçado limpo, e dinheiro na carteira.
Como alguém disse um dia destes, “Cada vez mais ligados, cada vez mais sozinhos”
Eu acrescentava “cada vez mais vazios”.
(Não me levem a mal. Mas afinal, para além de “kurtir”, para que servem os “amigos”?)