quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Curta-Metragem

No âmbito de produção de um projecto final de curso (PAP) (Curso Técnico-Profissional de Audiovisuais - http://www.oficina.pt/) irei realizar um curta-metragem.

Sinopse:

Duas famílias profundamente convertidas a uma nova e emergente religião vivem isoladas da sociedade, geograficamente perto uma da outra.
Esta religião pregava que a família era a ferramenta essencial para a libertação e para o renascer de um estado puro de Ser e proibia qualquer tipo de ligação com outras familias e sociedades.
Dois jovens de cada familia apaixonam-se e a jovem rapariga engravida, o que acende uma grande crise entre as famílias.
Entretanto a rapariga adoece, envenenada pela família, e o jovem, perseguido por ambas as famílias a fim de ser sacrificado juntamente com a rapariga, lança-se na cidade mais próxima em busca do medicamento para a salvar.
Chegando á cidade mais próxima pela linha de comboio é espancado e assaltado por um grupo de drogados. Um fotografo acaba por o encontrar a chorar de desespero no mesmo sitio, conversa com ele e vai á farmácia mais proxima comprar o medicamento.
Chegado novamente á sua terra, infiltra-se durante a noite em casa da jovem encontrando-a na cama ás portas da morte, da-lhe o medicamento mas imediatamente é capturado pela família.
O jovem volta a acordar numa estranha igreja, amarrado á rapariga que continuava inconsciente enquanto os chefes das duas famílias proferiam rituais e cânticos. O seu pai envenena-o e ambos abandonam o local, dizendo que ali ficariam até seus corpos se desintegrarem. O jovem acaba por morrer, e a rapariga acorda, gritando alto em socorro e horror, gritos que são percepcionados pelas famílias como uma mensagem de Deus, para não mais permitir que tal coisa aconteça.
O apelido da familia do jovem será Devenirdeo (Deo+Devenire = (Latim) Deo (Deus) + Devenire (Devir - Vir a ser, transformar-se)).O apelido da familia da rapariga será Sitnihil (Sit+Nihil = (Latim) Sit (Ser) + Nihil (Nada)).
Aqui ficam umas filmagens de teste e reconhecimento que fiz para a minha curta:


"Untitled" - Short Film - Test Footage #1


"Untitled" - Short Film - Test Footage #2

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cansaço

Estou cansado...
Cansado de pensar no que dizer, ou como dizer.
Cansado de pensar no que deveria pensar e não no que penso que penso.
Cansado de tentar alcançar o nada, esse mundo celeste, mãe de todas as Verdades.
Cansado de me arrastar pelo mundo dos homens, porque sou homem e não porque quero.
Cansado de me iludir que estou cansado, quando na verdade estarei apenas descontextualizado.
Cansado, cansado de me tentar ver com os olhos dos outros, e cansado de não descobrir o porquê desse desejo.
Cansado de Ser e cansado de tentar não Ser.
Cansado de amar a essência, o longínquo, e cansado de sempre me apaixonar mais.

Mas o cansaço como a tristeza ou qualquer outro sentimento, não tardará a passar...
Mas estou cansado de aceitar isto também.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Percepções 3

Eu sou a minha alma

Eu sou o meu corpo.

Serei meu pastôr,

Ou estarei já morto?



Pasto como quem não é

Levado por quem nunca foi,

Mas como com duas bocas

A deste homem e a deste boi.



Sem saber, rumino

A natureza que não é minha

Sem saber, me alimento

Do peixe sem espinha.



Assim passo meus dias

Entre o fenómeno e a verdade,

Cantando minha loucura

Em tom de saudade.



Agosto 2010, Pala - Baião



(foi o primeiro poema que escrevi com um esquema rimático simples.

Gosto dele.

É Eu)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

?

O principal motor que faz com que continue com este blog não será certamente as centenas de pessoas e milhares de comentários construtivos que inundam este espaço como podem constatar, mas sim uma necessidade de aceder facilmente a uma espécie de "diário", onde tento afigurar o meu "Deus inconstante" em palavras que poderei Eu, mais tarde, re-ler novamente a fim de tentar compreender-me melhor e achar palavras que defendam e afirmem este meu incógnito desejo, esta minha percepção instável.
Desejo com isto não me deixar levar pela alienação consumista e marasmática existência que domina maior parte das pessoas com quem contacto (infelizmente), apaixonando-me pela minha loucura, se lhe posso chamar tal coisa...
Esta loucura, esta poesia, este estranho e oculto misticismo a que chamo de "MEU Deus" é o que me delicia a alma, e paradoxalmente, o que a atormenta, levando-me á exaustão racional e a um inconfortável estado de espirito. Mas reivindico isso, pois desejo compreender-me, a fim de me libertar do falso ser que no meu corpo plantaram á 18 anos e uns trocos.
Falso? Porquê falso? É um Ser não é?
Sim, e bem real como qualquer outro. Falso pois o repudio, não a ele, mas ao seu Deus, que em vez da terra deseja a doença, o poder, a atenção, o respeito, nesse pódio gigante chamado de vida onde os mais fracos e ingénuos se arrastam sob o peso do jugo dos pastôres cujos olhos já nada além da cegueira vêem á demasiadas gerações. Este Deus, este mutante inexistente e omnipresente, já muitas caras tem. E cada uma mais lastimosa que a anterior. Como se em vez de ascender ás nuvens se enterra-se nos próprios excrementos a fim de nenhum outro Deus se ousar a conquistar o seu rebanho, tal é o fedor, a podridão deste espirito.
Bem, realmente desempenha bem o seu objectivo.
E realmente, não será esse o objectivo ultimo de Deus?
O de degenerar o nosso corpo ao ponto em que nenhum outro Deus conseguirá ou sequer tentará entrar?
Puros seria-mos então. E talvez então, cegos com a mesmo inexistente loucura, renascêssemos, eis o objectivo ultimo de Deus. Domar o ser a fim de este renascer (?). Então Deus deseja a sua própria perda?
Claro que sim! E Claro que não! Porque Deus existe e já não existe ao mesmo tempo! "Deus Morreu mas o seu cadáver permanece insepulto!". (...)

Quando "acordo" (ou adormeço) nova e gradualmente para a "ditadura da realidade" sinto uma coisa estranha. Como se tudo o que havia escrito fosse falso e verdadeiro simultaneamente, não para os outros, mas para mim mesmo.
Afinal o que desejo eu? - Pergunto-me.

Não sei. Mas como o Zaratustra de Nietzsche (ou o Nietzsche de Zaratustra?) falava:

"Se a tua virtude for demasiado elevada para usar um nome familiar, e se te for necessário falar dela, não te envergonhes de balbuciar. Fala então e balbucia: "é ao meu bem que amo, só assim me agrada, é assim que compreendo o Bem.
Não o quero de modo algum como mandamento de um Deus, não o quero de modo algum como instituição nem necessidade humanas; não o quero de modo algum como guia que me oriente para regiões transcendentes ou para paraísos.
Aquela que amo é uma virtude terrena, não há nela malícia alguma, e também não possui muita razão comum.
Mas é uma ave que construiu o seu ninho em mim, por isso lhe quero e acaracio - incuba em mim os seus ovos de ouro."

"...pedirei, porém o impossivel; pedirei, pois, que a minha Altivez caminhe sempre a par da minha Sabedoria. E se um dia a minha Sabedoria me abandonar - ai!, agrada-lhe tanto fugir! - possa então a minha Altivez voar com a minha Loucura!" - Assim começou o declinio de Zaratustra.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O Falsificador

O energético e carregado homem perfurava avidamente pelo meio da cinzenta multidão, e chegando ao ponto mais alto da praça falou assim ao povo:

"Olhem todos! Reivindico a vossa atenção pois trago comigo um produto de inestimável valor, fruto da minha loucura! E vo-lo trago por me fascinarem vossas foices, oh amigos!"

Mas as pessoas volvendo-se para não se sabe que estranho tipo de consciência comum, prosseguem a sua dança e cochicham entre si.

"Certamente vosso Senhor é mais sábio que o meu... - lamentava o falsificador - Oh triste loucura! Perdoa-me grande desejo!"

E desfez-se em lágrimas de veneno cujo odor atraiu um homem da multidão. Vestido de branco e cheio de piedade como lhe ordenara o seu Deus aproximou-se do solitário homem e falou-lhe assim:

"Diz-me amigo, que ilusória imagem te colocou aqui em cima de onde todos te avistam?"

"De certo nasceu de semelhante ventre que neste mundo também a ti te cuspiu..." - lamentava.

"Mas sabes, - apregoava o homem de branco - talvez o sémen da tua loucura tenha sido semeado por um deus que não aprendera a falar nem escrever, ou cujas verdades simplesmente já arderam, enfim!...

"Na lareira do teu Deus, ó circuncisador!" - Gritava cheio de tristeza, ou talvez ódio, não sabia.

"Que esperavas que ele fizesse? Havia visto a Grande Verdade e aprendido a Grande Razão, a mesma que ensinou a todos os que o admiravam!"

"Chamas-lhe admiração?! Antes de conhecerem teu Deus, nesse remoto passado, já belos bailarinos eram, a poder de fome e pancada!"

"Assim nos quis a Natureza amigo, porque hás de desejar tu outra deus qualquer? Vem, eu mostro-te o caminho" - disse o homem estendendo-lhe a mão.

E recusando lamentava mais alto - "Sempre soube que os conformistas eram os mais felizes! Assim os quis a sabedoria! Essa sagrada doença, tão sagrada como o uivar dos cães! Ai! como invejo essa loucura! - e desatou a uivar, som que todos dançaram e cantaram simultaneamente. Alegre troça, assim se denominava o passo.

"Mas quem és tu afinal? - Atirava furioso o homem de branco - Um Pescador que aspira a ser Pastôr? E deseja pastar sem cão?"

"Pobre pescador! - chorava - Apenas deseja deixar o que apanhou e trazer o que não apanhou. Mas tomam-me por falsificador! Os ingratos! Os numerosos! Os Superiores, ó eterna tristeza!"

"O Eu deve ser absorvido de modo a preservar e aperfeiçoar a raça, não percebes?!" - gritava o homem de branco, o juiz, o Deus.

Mas o falsificador levantava-se agora do chão manchado de lágrimas:

"Amigos acordem! A semente dilacerada não nasce ao ver outra ser esmagada pelo mesmo peso! Não deixeis que..."

E calou-se,
voltando-se para si mesmo.

Deixara de ouvir a multidão que estrebuchava de pura e alegre malícia,
deixara de os ver,
de os reconhecer,
não estavam lá.

Nada existia.

Apenas a sua percepção sensorial,
no vazio.

E morreu ali, debaixo do corpo de que havia sido expulso.

Apenas resta a Totalidade.

O Nada.



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Passagens 1

(...) Mas afinal o que é a Verdade? A Verdade existe? A Verdade É? Poderá algo Ser não tendo consciência de si ou do mundo? Poderá algo Ser não existindo fisicamente e, por consequência, não percepcionando?
Bem... Eu digo que sim.
Afinal, quem é Deus para aquela velha senhora que todo o dia reza baixinho?
Quem é o Homem crucificado na cruz que com tanto amor carrega à volta do seu pescoço num fio de ouro?
O que é o Peixe que chega num triciclo motorizado todas as semanas à porta de sua casa?
O que São eles? São algumas das Verdades da velha e devota senhora.
E o que É este Deus, este Cristo e este Peixe para um indígena do outro canto do mesmo mundo?
(...) Vejo a Verdade como um acto inconsciente (e consequentemente Natural e Verdadeiro) de criação. A Verdade é uma conformidade entre o Animal e o Fenómeno, o princípio essencial do Ser. Parte da Experiência do fenómeno mas ultrapassa-o, chegando a realidades que o transcendem.
O "Eu" não existe antes da Verdade, nasce destas, que se começam a construir de acordo com as suas necessidades animais e com a sua experiência, influenciadas naturalmente pela natureza que o rodeia -"O Homem é a medida de todas as coisas."
Logo, a mentira ou blasfémia surge quando 2 raças de animais que habitam espaços geográficos diferentes ( e também em espaços iguais quando a população de uma certa sociedade se começa a hierarquizar egoístamente e atingir um numero populacional que impossibilita uma consciência comum, criando-se culturas dentro de culturas) entram em conflito, numa disputa pela Verdade.

Passagem de "Introspecção" - 4. Set 2010 - Pala

sexta-feira, 23 de julho de 2010

estado, percepção



Porque soltas tu, oh pobre homem cujo olhar respira verdade, a tua loucura na loucura de outros?
Não vês os fantásticos e vastos campos verdes à tua volta? Como podes levar-te a passear não pela mais pura das montanhas mas pelos impenetráveis e escuros abismos da loucura de outros?
Não quero perceber teus desejos, oh doente homem.
Nem meus.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Voa, oh céptico homem

Cepticismo s.m. - Dicionários Editora
1 Atitude ou doutrina que nega a possibilidade de alcançar a certeza num dado domínio do conhecimento ou em relação à verdade em geral;
2 Filosofia Doutrina de Pírron que defendia a impossibilidade para o espírito humano de alcançar a verdade e que preconizava (preconizar ~ aconselhar) a suspensão do juízo em todos os domínios, fundamentando na ideia de que, sobre qualquer assunto, é possível defender, de modo igualmente válido e verdadeiro, duas teses opostas;
3 Dúvida provisória ou metódica (metódico ~ regular), que, num primeiro momento, visa a busca da objectividade; recusa em aceitar algo sem um exame crítico;
4 Tendência para duvidar de tudo; incredulidade; descrença.

Oh, meu Em Si, que divino pensamento ostenta vossa mão criadora?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Gato que brincas na rua,
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa

sábado, 19 de junho de 2010

swiming, lost

I've found my self asleep on the oceans surface...
I hope i will uncounsciously submerge myself again.
And again..
Deeper and deeper.
To catch the "Big Fish".
And bring its truthfull light to the shore.

terça-feira, 25 de maio de 2010

"manuscritos 1"

12/10/2009

Tudo é ávido de tudo possuir,
significados e utilidade.
Todos os Deuses criadores são
verdadeiros e puros, mas tal
consciência natural resulta em
desejo de querer a sua verdade
como "A Verdade", tal é a
ingénua incerteza. Apareceu a
Resistência, depois a Tristeza,
depois a Revolta, depois a Alegria,
depois o Prazer, depois a Inteligência,
depois a Duvida.
E eis que na duvida pouca
verdade existe, senão as conclusões
que se tiram através das comparações dos deuses
e do fruto natural da duvida,
a loucura.

Acima de nós estará,
eternamente,
a natureza.
Então, porquê resistir á natural evolução
do Homem e á reciclagem das verdades?
Penso,
"terá sido, a evolução do homem
e do pensamento, natural?"
Natural seria não haver verdades,
apenas uma inexistente,
a dos animais.
"É pouco provável haver verdade no conformismo,
seria uma verdade triste e lastimosa."
Mas quando me deparei com esta conclusão
vi morte e ainda mais tristeza, fruto de um combate
entre um e um milhão...

Porque será a evolução do Homem, não-natural?
Será natural esta questão?
Será natural este desejo?
Eu digo que sim.
Não-natural será combater, e saber que
se vai sofrer,
não-natural será servir a duvida,
duvidosamente,
mas mesmo aqui, acredito fielmente,
que poderá ser verdadeiro e puro.
Tudo o que acontece, é verdadeiro e natural,
sob o simples argumento que defende que,
"se não o fosse, não aconteceria".

Diriam então vocês que aceito e compreendo todas
as verdades, todas as percepções e ideologias.
Poderei compreende-las para mim, o que basta,
mas aceita-las e acreditar em toda em todas elas
poderá não estar na minha natureza baseada
na minha experiência.

Aqui sinto-me bem...
Aprende a amar-te,
a amar a tua virtude
e acolhe a tua loucura como uma criança abandonada,
deixa-a crescer,
e então,
quando pai orgulhoso fores,
saberás o que fazer.

11h:46m - Campo de trigo do Pateiras - Caldas da Saude

domingo, 23 de maio de 2010

Ivo Machado

Embora um pouco torrado, fora um café muito interessante...

Palavras para quê?
Cantemos amor:

Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Lendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza...

À beira-rio,
À beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.

O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.

Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranqüilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.

Ricardo Reis

domingo, 16 de maio de 2010

o velho e bom vinho

... e fora nessa noite,
que o já velho espirito
vazio de emoção
reconhecera o sabor
do velho e bom vinho.

(Pobre homem, quem tentas tu enganar? A ti mesmo?
Vá continua a dançar! As pessoas estão a olhar!)

sim... reconhecera aquele sabor
e como um estranho déjà-vu
inflamáva-se-me o cinzento coração.

Oh! Que ardor! Oh que deleite!
Ai! Que me mato de vergonha!
O velho e carrancudo camionista inconscientemente se matara
assim que reconhecera o brilho e o cheiro que emanava aquela criança.
E eis! Que a criança tomara o respeitável cargo do corpo
(tanto cobiçado como atraiçoado)

E como se de um profundo sono acordasse
como se de um negro e triste sonho se libertasse
apressava-se, reflectindo toda a luz da sua alegria e da sua paixão, a amar a mais bela uva.
E dos seus bálsamos beber, o néctar do amor...

bêbado de paixão...
perdidamente,
loucamente,
puramente,
Bêbado de Amor.
Bêbado de Nostalgia.
Bêbado de Loucura.
Morto.

Pelo bom e velho vinho...

Pelo Vinho.

Deus Soberano de todo o meu ser.
Verdade incorruptivel.

Ferida Esperança

Morta.


Desejo

Amor









Sim, Amo-te






Sim, Morro



terça-feira, 27 de abril de 2010

"Aquilo que a inteligência pressente, aquilo que o espírito reconhece nunca em si tem o seu fim. Mas a inteligência e o espírito quereriam convencer-te que são fim de todas as coisas. Inteligência e espírito não passam de ferramentas do em si." - F. Nietzsche

"Há mais razão no corpo do que na própria essência da sabedoria. O em si criador criou para seu uso respeito e desprezo, alegria e tristeza" - F. Nietzsche (...)


sábado, 17 de abril de 2010

assim fala a imprudente revolta

"Demasiadas vezes me reconcilio com a verdade alheia,
sim, essa da populaça e dos juízes moribundos,
que condenam e subjugam
todo o ser ingénuo
que relativamente ao sonho puro, á impressão não analisada,
não blasfema nem lhe escarra tinta,
apenas contempla a beatitude do fenómeno,
sendo-o.

Isto, ó juízes, seria sim a reivindicação que justificaria a pena de morte,
e não sentando-vos numa cadeira, ou pendurando-vos pelo pescoço,
mas deixar-vos viver, essa miserável afirmação a que chamam de verdade,
veríeis então a rapidez com que ela vos torturaria até morte.

Ai! Mas que digo eu? Estarei a ficar louco?"




sábado, 3 de abril de 2010

Your home is where you're happy
It's not where you're not free
Your home is where you can be what you are
'Cause you were just born to be

Now they'll show you their castles
And diamonds for all to see
But, they'll never show you their peace of mind
'Cause they don't know how to be free

So burn all your bridges
Leave your whole life behind
You can do what you want to do
'Cause you're strong in your mind

And, anywhere you might wander
You can make that your home
Just as long as you've got love in your heart
You'll never be alone

Just as long as you've got love in your heart
You'll never be alone
You'll never be alone.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A Tribo


Desejava poder gritar de pulmões abertos
um berro de atenção ou de alegria
e todos responderem ao meu berro
berrando e dançando.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Doença?

Sim, vejo o mundo.

Sim, vejo o mundo.

Sim, vejo o mundo.

Sim, também vejo esse mundo.


Pois eu estou doente.

Porque assim me apteceu.


"Olá doença, que fazes por aqui?"

"AH! Com certeza não andarei pulando de mundo em mundo!"

"Ai! Que me embriagas com essas palavras! Agora és uma flor, e fitas o azul profundo."


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Percepções2

Tem cuidado
Tem muito cuidado
ó sujeito

As grandes urbes parecem-te um milagre
dignas de respeito e devoção suprema
nelas te lançaste, nu, dançando

Tem cuidado
Tem muito cuidado
ó pessoa

Opta sempre pelos trajes largos
quando magoados com os teus passos
te quiserem vestir, não vás asfixiar

Vê! Fraca alma, torpe razão! (...)

percepções1

Como um homem mau
desmembrado, num televisor
com um espelho, assistindo
a algo que não é.

Como um bicho repugnante
em metamorfose, num copo
asfixiando sem ar,
sendo algo que não é.

Como uma semente,
o meu ser me basta
pois tudo percepciona
e tudo deseja.

12/10/09

domingo, 3 de janeiro de 2010

O semeador de impotência

A chuva caía.
"Como te chamas?" - Pergunta o amável senhor, sorrindo.
"Porquê."
"Não sei... - diz como que respondendo, confuso - Não é o que normalmente se pergunta quando sentimos que, em qualquer circunstância que seja, se voltará a partilhar o mesmo espaço cénico com alguém?" - Retorquiu soltando uma gargalhada.
"Talvez..."
"Fumas?" -Pergunta o senhor estendendo um maço de cigarros aberto.
"Porque não?" - Disse, aceitando a oferta e afastando o cabelo, não fosse o vento levá-lo até á chama do bronzeado isqueiro que se aproximava, cavalheirescamente.
"Foi por isso que há 35 anos decidi cortar o cabelo e mantê-lo curto" - Disse o senhor sorrindo levando o lume ainda aceso á ponta do seu cigarro.
"Obrigado pelo cigarro" disse enquanto a chuva caía.
"Mas e então? Como te chamas? Tens cara de quem deve ter nome." - Disse o senhor avaliando as roupagens do individuo.
"Porquê."
"Mas porquê o quê?" Perguntou o senhor, curioso.
"Só Porquê. Diga-me - iniciou o individuo - acredita em Deus?"
O senhor levou o cigarro aos lábios, respirou uma fumaça e apreciou-a.
"Deduso que te refiras ao deus dos outros. - olhara da ponta do cigarro para o individuo - Não quero compreender como normalmente compreenderia a tua questão. Não é um pouco ridiculo? Quer dizer.. Devo acreditar em Deus? Ele provou-me algo? E pediu-me que analisasse o grau de verdadeirez da sua verdade?"
"A revolta presente na sua retórica é triste, permita-me. O que ganha em domar a lingua dessa forma? O semeador de impotência descobriu uma nova arvore?" - Pergunta o individuo calma e curiosamente.
"Antes assim fosse! - Gritou o senhor, furioso - Ao menos seria louco o suficiente para começar um campeonato de loucura com os crentes. Mas diz-me - iniciou o senhor quando o desejo o começara a acalmar de novo - porque é ela triste?"
"Porque é a chuva triste? - perguntou o individuo - porque na cabeça das pessoas traz incómodo, e sabem lá elas porquê, e perante este incómodo conformizam-se, as ingratas, sem sequer terem experimentado andar á chuva, ou se o fizeram levaram com elas o pressuposto que seria incomodativo, esse perigoso veneno ilusório. Você viu a verdade assente noutro nível de compreensão que não o pensamento religioso, mas não consegue viver essa verdade como os religiosos vivem as deles, ou seja, em harmonia por isso se revoltou. Mas pior, encarou essa revolta como o final de uma estrada. E agora vive a realidade de outros, e as unicas pegadas que a sua consciência marca no seu solo são da sua tristeza."
A chuva caía quando as vozes debaixo daquela paragem de autocarro cessaram.
"Sabes. Sempre quis meter-me á estrada. E ir por aí fora em direcção a lado algum. Permitindo que a minha metamorfose aconteça. Nada do que me disseste é novo para mim. Mas disseste-o e isso basta. Obrigado meu amigo. Adeus."
E assim foi.

teste

ola