sábado, 15 de agosto de 2015

Midnight Radio Tribute Poem

streets filled with solitary and uncertain lives 
people laughing and people dying

city lights dance through the high appartment windows

a slight cool breeze enters the room
it smells like gasoline

letters are still unopened 

messages are still unheard

city sounds become a nostalgic mantra

the tired body takes a rest

but allways numbly aware
for he has no lock in his door

https://www.youtube.com/watch?v=pkw2kcQ5Lzs
Bohren & Der Club of Gore

This album is something very special to me, so I wrote this

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

"O Rio Endo" (título provisório) WORK IN PROGESS

Estou a trabalhar num pequeno livro/conto/história/coisa com algumas inspirações Lovecraftianas. Todo o plot e intriga está mais ou menos definido, resolvi deixar aqui a sinopse e um cheirinho dos primeiros capitulos (em constante mutação).


Sinopse:
O Rio Endo na pequena e pacata ilha de Nocsed há muito que é localmente conhecido por estar envolto em mitos sobrenaturais que falam de uma qualquer força negra desconhecida ali instalada há milhares de anos. Um terrivel acidente atrai algum mediatismo em torno do rio, onde um carro recentemente caíra e desaparecera juntamente com o corpo do filho de Jeremy Bell, um influente homem de grande poder económico que decide investir todos os seus fundos na exploração científica daquilo que se começa a supôr ser talvez uma das mais profundas cavernas subaquáticas registadas até à data. O experiente detective Edward Carlsen é chamado para acompanhar a investigação e investigar de que forma o desaparecimento do carro poderá estar relacionado com uma pequena comunidade religiosa ali perto instalada.

A falta de dados científicos e a incapacidade tecnológica em alcançar o fundo da caverna subaquática vai potênciar toda uma intriga mística e sobrenatural em torno do rio Endo, intriga essa que a comunidade religiosa, científica e mediática parece divida em apoiar ou abafar.

Paralelamente, um homem desconhecido escreve um diário:
Acordara numa enorme caverna subterrânea, apenas equipado com uma lanterna e alguns mantimentos, sem memória do que lhe acontecera. Não tendo outra alternativa mete-se a explorar a misteriosa caverna em busca de uma saída, mas os seus infinitos abismos começam a desafiar os limites da sua sanidade mental.



SNEAK PEAK:

Capítulo 1

O pequeno riacho estava particularmente calmo nessa noite fria. Uma fina nuvem de nevoeiro flutua sob a água gelada, e por incertos mas certamente compreensíveis fenómenos atmosféricos tingida de um azul que conferia ao espaço qualidades de uma ordem subliminar. As cigarras cantavam, um leve vento acariciava as árvores, e uma pedra torta elevada acima do nível da água fazia a mesma cantar o mais suave chapinhar. Enfim, os mais místicos fenómenos pareciam ter sido convocados por qualquer força desconhecida para aquela noite de particular poesia. Talvez fosse deus, inspirado pelo seu tédio, a experimentar e assemblar um novo microclima naquele vale esquecido entre a serra, nessa cortante noite de inverno.

Um qualquer pássaro, certamente preto e de porte considerável, lança um pio que descobre no seu eco novas propriedades sonoras, mas antes de o mesmo ter tempo para fantasiar sobre o seu inédito repertório resolve levantar voo, desapontado: afinal era um carro que se aproximava ao longe e espalhava pela serra o som do atrito entre borracha e o alcatrão e ainda frequências mais graves, ritmadas, qualquer tema musical de sucesso.

4 jovens vinham animados num potente carro a testar a segurança do mesmo, com sucessivos peões, travagens e acelerações fortes nas rectas mais longas, até que de súbito e para a surpresa de todos, dada a inospitude daqueles montes, ao longe, avistam na berma da estrada um homem à beira de um carro, sinalizando a sua intenção em apanhar boleia. Em tom de desafio um dos passageiros mais animados pelo álcool insiste que deveriam dar boleia ao homem, e apesar do sentimento de desconfiança do condutor já todos estavam demasiado animados pela ideia, pelo que não parar seria matar a noite e o espírito de aventura que, pela primeira vez, aqueles jovens de 18 e 20 e poucos anos, experiênciavam.

"Boa noite amigo! Que se passa?" - começa o co-piloto enquanto abre o vidro.
"Boa noite" - diz o misterioso homem que apenas agora dava a sugerir, pelo seu cabelo grisalho e rugas pronunciadas, ter os seus 50 e muitos anos - "Tive um problema com o meu carro, daqui a 5 km há uma bomba de gasolina de um amigo que me deixa pernoitar por lá e amanhã ajuda-me a vir buscar o carro, importam-se de me deixar lá?"
"Ora essa, entre! Pelo GPS também não há forma de evitar tal bomba, por isso não há desculpa!" Diz animado um dos passageiro de trás.
"Tenho é que vos pedir, por favor, que me deixem fazer este pequeno percurso no lugar da frente, sofro de umas náuseas terríveis quando estou a ser conduzido por estas curvas" Diz em tom monocórdico o misterioso homem. Paulo, o condutor, pressentiu algo de estranho no tom de voz do homem, algo nas suas intenções e desculpas não o estava a convencer, mas antes de o mesmo ter tempo para inventar qualquer desculpa já o seu amigo do lado, entusiasmado, saltava fora do carro para dar lugar ao misterioso homem, que ainda não se tinha apresentado.
"Como se chama o senhor? Já está aqui à muito tempo?" - Começa Paulo enquanto baixa o volume da música, numa tentativa de quebrar o gelo que subitamente se instalou no carro que retomava a sua rota.
"Estou à um bocado, sim. Além do mais não tinha rede para contactar ninguém." Responde imediatamente o estranho homem, que parecia começar a ficar nervoso, como se já tivesse respostas pensadas para todas as perguntas de ocasião que pudessem surgir.
"Você é de cá?" Continua Paulo.
"Não" Responde prontamente o estranho homem enquanto tira do largo bolso uma pequena pistola de calibre .22 que aponta à cabeça de Paulo. "Acelera"
Um arrepio corre a espinha de todos os tripulantes daquele carro, que ficam petrificados sem reacção à ameaça do homem.
"Acelera caralho!" Insiste o homem, visivelmente ansioso.
"Por favor, nós temos muito dinheiro..." "Acelera já! Até aos 80 kilometros hora!" interrompe o homem que sem retirar os olhos da estrada. O binário do carro começa a subir, 60, 70, 80 km/h, e ao fundo da grande recta uma curva perigosa à esquerda começa-se a desenhar.
"Já morri uma vez, agora morro uma segunda, e de vez. Em nome do conhecimento!" Sussura o velho homem enquanto agarra o volante e o guina violentamente para a direita.

Toda a pauta musical daquele idílico e vasto cenário entraria assim numa inesperada cadência, composta por um muro de pedra a ruir, interrompida por breves segundos de silêncio até um violento e longo compasso composto por uma pesada massa metálica a rebolar ao sabor das leis da física. A queda prolongou-se por 30 longos segundos pela íngreme encosta abaixo, até ao final estrondoso de água a chapinhar.

Além do rio que ficou mais agitado, o tema inicial daquele idílico cenário retomou indiferente o seu compasso, enquanto um dos jovens que viajava atrás, com o corpo quebrado, se salvou pela janela partida e nadou pela gelada água até à margem do riacho onde se esforçaria por recuperar o fôlego e a consciência. Não tardara muito até que 3 ou 4 vultos humanos, vindos da escuridão, se juntassem à sua volta.

"Que fazemos com este?" Diz o mais agitado dos vultos.
"Ele está a morrer, amarra-o a uma pedra e atira-o ao rio" - Responde um outro mais calmo.

"Não. Este não quis morrer, pois não morrerá. Para já." - Grunhe imperativamente uma voz mais rouca e velha enquanto injecta qualquer líquido na corrente sanguínea do sobrevivente.


Diário#1

"Não sei bem como começar, ou o que escrever, ou sequer o que fazer. Acordei de um dos mais longos, inquietantes e indescritiveis sonhos de que tenho memória, encerrado sozinho numa enorme caverna com com uma grande mochila com vários objectos e mantimentos. Consigo avistar um alçapão no tecto, já berrei por socorro e tentei trepar até lá, mas ambos os esforços revelaram-se inuteis. Já me esforcei por tentar recordar o que aconteceu e como vim parar aqui, mas a última memória que tenho é de estar em casa com o meu filho. Também já vasculhei a mochila em busca de alguma pista, mas nada me é familiar. Muita comida enlatada, um grande casaco polar, água, lanterna, pilhas, este bloco e uma esferográfica. Não me lembro do meu nome sequer, nem me consigo recordar de nenhuma cara familiar, excepto a do meu filho. Demorei algum tempo a decidir-me se estaria a sonhar ou a sofrer de algum trauma psiquico, mas acho que estou realmente vivo e são, apesar do insólito desta situação. Pus-me então a explorar esta caverna, uma vez que só me restava essa opção. Creio que já caminhei cerca de 5 km's, às vezes em círculos pois as grutas formam caminhos diferentes, e alguns cruzam-se. Ainda não encontrei nada, nem mesmo uma frincha de luz. Não faço ideia se é dia ou noite. Não sei se é pelo facto de não ter outra alternativa a não ser caminhar por esta caverna fora, mas não sinto medo. A única coisa que temo é ficar sem luz, mas graças a deus tenho dezenas de baterias. Vou comer, descansar um bocado as pernas e desenhar o percurso que fiz até agora."
(desenho)