terça-feira, 25 de maio de 2010

"manuscritos 1"

12/10/2009

Tudo é ávido de tudo possuir,
significados e utilidade.
Todos os Deuses criadores são
verdadeiros e puros, mas tal
consciência natural resulta em
desejo de querer a sua verdade
como "A Verdade", tal é a
ingénua incerteza. Apareceu a
Resistência, depois a Tristeza,
depois a Revolta, depois a Alegria,
depois o Prazer, depois a Inteligência,
depois a Duvida.
E eis que na duvida pouca
verdade existe, senão as conclusões
que se tiram através das comparações dos deuses
e do fruto natural da duvida,
a loucura.

Acima de nós estará,
eternamente,
a natureza.
Então, porquê resistir á natural evolução
do Homem e á reciclagem das verdades?
Penso,
"terá sido, a evolução do homem
e do pensamento, natural?"
Natural seria não haver verdades,
apenas uma inexistente,
a dos animais.
"É pouco provável haver verdade no conformismo,
seria uma verdade triste e lastimosa."
Mas quando me deparei com esta conclusão
vi morte e ainda mais tristeza, fruto de um combate
entre um e um milhão...

Porque será a evolução do Homem, não-natural?
Será natural esta questão?
Será natural este desejo?
Eu digo que sim.
Não-natural será combater, e saber que
se vai sofrer,
não-natural será servir a duvida,
duvidosamente,
mas mesmo aqui, acredito fielmente,
que poderá ser verdadeiro e puro.
Tudo o que acontece, é verdadeiro e natural,
sob o simples argumento que defende que,
"se não o fosse, não aconteceria".

Diriam então vocês que aceito e compreendo todas
as verdades, todas as percepções e ideologias.
Poderei compreende-las para mim, o que basta,
mas aceita-las e acreditar em toda em todas elas
poderá não estar na minha natureza baseada
na minha experiência.

Aqui sinto-me bem...
Aprende a amar-te,
a amar a tua virtude
e acolhe a tua loucura como uma criança abandonada,
deixa-a crescer,
e então,
quando pai orgulhoso fores,
saberás o que fazer.

11h:46m - Campo de trigo do Pateiras - Caldas da Saude

domingo, 23 de maio de 2010

Ivo Machado

Embora um pouco torrado, fora um café muito interessante...

Palavras para quê?
Cantemos amor:

Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Lendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza...

À beira-rio,
À beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.

O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.

Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranqüilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.

Ricardo Reis

domingo, 16 de maio de 2010

o velho e bom vinho

... e fora nessa noite,
que o já velho espirito
vazio de emoção
reconhecera o sabor
do velho e bom vinho.

(Pobre homem, quem tentas tu enganar? A ti mesmo?
Vá continua a dançar! As pessoas estão a olhar!)

sim... reconhecera aquele sabor
e como um estranho déjà-vu
inflamáva-se-me o cinzento coração.

Oh! Que ardor! Oh que deleite!
Ai! Que me mato de vergonha!
O velho e carrancudo camionista inconscientemente se matara
assim que reconhecera o brilho e o cheiro que emanava aquela criança.
E eis! Que a criança tomara o respeitável cargo do corpo
(tanto cobiçado como atraiçoado)

E como se de um profundo sono acordasse
como se de um negro e triste sonho se libertasse
apressava-se, reflectindo toda a luz da sua alegria e da sua paixão, a amar a mais bela uva.
E dos seus bálsamos beber, o néctar do amor...

bêbado de paixão...
perdidamente,
loucamente,
puramente,
Bêbado de Amor.
Bêbado de Nostalgia.
Bêbado de Loucura.
Morto.

Pelo bom e velho vinho...

Pelo Vinho.

Deus Soberano de todo o meu ser.
Verdade incorruptivel.

Ferida Esperança

Morta.


Desejo

Amor









Sim, Amo-te






Sim, Morro