sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Doença?

Sim, vejo o mundo.

Sim, vejo o mundo.

Sim, vejo o mundo.

Sim, também vejo esse mundo.


Pois eu estou doente.

Porque assim me apteceu.


"Olá doença, que fazes por aqui?"

"AH! Com certeza não andarei pulando de mundo em mundo!"

"Ai! Que me embriagas com essas palavras! Agora és uma flor, e fitas o azul profundo."


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Percepções2

Tem cuidado
Tem muito cuidado
ó sujeito

As grandes urbes parecem-te um milagre
dignas de respeito e devoção suprema
nelas te lançaste, nu, dançando

Tem cuidado
Tem muito cuidado
ó pessoa

Opta sempre pelos trajes largos
quando magoados com os teus passos
te quiserem vestir, não vás asfixiar

Vê! Fraca alma, torpe razão! (...)

percepções1

Como um homem mau
desmembrado, num televisor
com um espelho, assistindo
a algo que não é.

Como um bicho repugnante
em metamorfose, num copo
asfixiando sem ar,
sendo algo que não é.

Como uma semente,
o meu ser me basta
pois tudo percepciona
e tudo deseja.

12/10/09

domingo, 3 de janeiro de 2010

O semeador de impotência

A chuva caía.
"Como te chamas?" - Pergunta o amável senhor, sorrindo.
"Porquê."
"Não sei... - diz como que respondendo, confuso - Não é o que normalmente se pergunta quando sentimos que, em qualquer circunstância que seja, se voltará a partilhar o mesmo espaço cénico com alguém?" - Retorquiu soltando uma gargalhada.
"Talvez..."
"Fumas?" -Pergunta o senhor estendendo um maço de cigarros aberto.
"Porque não?" - Disse, aceitando a oferta e afastando o cabelo, não fosse o vento levá-lo até á chama do bronzeado isqueiro que se aproximava, cavalheirescamente.
"Foi por isso que há 35 anos decidi cortar o cabelo e mantê-lo curto" - Disse o senhor sorrindo levando o lume ainda aceso á ponta do seu cigarro.
"Obrigado pelo cigarro" disse enquanto a chuva caía.
"Mas e então? Como te chamas? Tens cara de quem deve ter nome." - Disse o senhor avaliando as roupagens do individuo.
"Porquê."
"Mas porquê o quê?" Perguntou o senhor, curioso.
"Só Porquê. Diga-me - iniciou o individuo - acredita em Deus?"
O senhor levou o cigarro aos lábios, respirou uma fumaça e apreciou-a.
"Deduso que te refiras ao deus dos outros. - olhara da ponta do cigarro para o individuo - Não quero compreender como normalmente compreenderia a tua questão. Não é um pouco ridiculo? Quer dizer.. Devo acreditar em Deus? Ele provou-me algo? E pediu-me que analisasse o grau de verdadeirez da sua verdade?"
"A revolta presente na sua retórica é triste, permita-me. O que ganha em domar a lingua dessa forma? O semeador de impotência descobriu uma nova arvore?" - Pergunta o individuo calma e curiosamente.
"Antes assim fosse! - Gritou o senhor, furioso - Ao menos seria louco o suficiente para começar um campeonato de loucura com os crentes. Mas diz-me - iniciou o senhor quando o desejo o começara a acalmar de novo - porque é ela triste?"
"Porque é a chuva triste? - perguntou o individuo - porque na cabeça das pessoas traz incómodo, e sabem lá elas porquê, e perante este incómodo conformizam-se, as ingratas, sem sequer terem experimentado andar á chuva, ou se o fizeram levaram com elas o pressuposto que seria incomodativo, esse perigoso veneno ilusório. Você viu a verdade assente noutro nível de compreensão que não o pensamento religioso, mas não consegue viver essa verdade como os religiosos vivem as deles, ou seja, em harmonia por isso se revoltou. Mas pior, encarou essa revolta como o final de uma estrada. E agora vive a realidade de outros, e as unicas pegadas que a sua consciência marca no seu solo são da sua tristeza."
A chuva caía quando as vozes debaixo daquela paragem de autocarro cessaram.
"Sabes. Sempre quis meter-me á estrada. E ir por aí fora em direcção a lado algum. Permitindo que a minha metamorfose aconteça. Nada do que me disseste é novo para mim. Mas disseste-o e isso basta. Obrigado meu amigo. Adeus."
E assim foi.

teste

ola