sexta-feira, 8 de abril de 2016

O ar está diferente

O ar está diferente
As coisas de súbito perderam a banalidade
Como se o planeta tivesse começado a rodar na direcção contrária
E acidentar-me a novos ventos, desta vez como que a favor deles

Hoje vi uma cadeira ao sol
Ao lado outra
O som de uma máquina a moer café
Um transeunte a saudar as pombas
Uma música ao fundo da rua, vinda de uma janela
Uma brisazinha
O sol, Ahh, o reconfortante sol, bem lá em cima num admirável céu azul. Que azul incrível!
Sentei-me e banhei-me de vida, que saudades!

A deriva parece estar a rotinar-se
Há coisas estranhamente familiares na rua, intrigantemente reconfortantes
A poesia voltou!! Estarei a sonhar?
Ou pior, estarei apaixonado?!
Não...

Talvez seja alguma benção da primavera
Talvez o tinto maduro
De certo será a luz

Entretanto a noite chegou, calma, tranquila
Os carros, as pessoas nas esplanadas
A desordem ganhou uma ordem
E na noite banal brilha novamente aquele misticismo
aquela poesia tão deliciosa como indiscritível
Aquela sensação de novidade,
de entrar num universo que não é o nosso,
tão acolhedor, espontâneo e autêntico…
que sensação maravilhosa

Bendita volatilidade da alma!
Bendita primavera!

Bendito ar, que está realmente diferente!

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